domingo, março 01, 2009

Homilia

Tenho formação orientada desde petiz por gente marcadamente católica. Os meus pais proporcionaram-me o Baptismo, primeiro Sacramento da Igreja. Toda a minha família é Católica, e eu não renego as minhas origens. Acho que os pais devem fazer aquilo que pensam ser o mais correcto para a formação dos filhos e os meus acharam por bem educar-me na Fé e Religião Católica. Antes de tudo o demais, em casa, estava a Religião. Rezávamos o Terço, íamos à Missa, à Catequese e cumpríamos todos os passos referentes às diversas épocas, ou Tempos. No Advento e Quaresma, Tempos de preparação, fazíamos jejum (de carne, que nós somos de muito alimento) nos dias indicados e cumpríamos os preceitos cristãos da purificação da Alma e do Espírito para melhor recebermos o Santo Menino ou o Cristo Ressuscitado. No período quaresmal, que iniciamos na última Quarta-Feira (chamada de Cinzas), começa a preparação dos católicos para a Paixão de Cristo. Aqui começa a coincidência com o fim-de-semana que agora acaba. São três dias de entrega, de meditação e de oração pelo sofrimento que levou Cristo à morte na cruz. Em Espinho, desde Sexta-Feira, decorre o Congresso do PS. Também são três dias, não de Oração, mas apenas de consagração de um líder mais parecido com um qualquer ícone religioso. Não é apelar ao sacrilégio, mas façam um exercício de comparação com a Igreja e provavelmente encontram na mensagem que de lá sai mais sinais de incompreensão, de intolerância ou de sobranceria, do que aquela que muitos têm como próprias de seguidores de um Messias. Aprendi que Cristo (Sócrates pensa o mesmo) foi incompreendido, quase sempre injustiçado e, por fim, sacrificou-se pela humanidade. O nosso Primeiro-Ministro acha que é perseguido por alguma Comunicação Social, sente-se o salvador do País, embora nos esteja a enterrar. O homem prepara o partido, qual concílio, para as “batalhas que se aproximam”. É esta sobranceria, esta intolerância, este sindroma de calimero que me faz ser contra estes gajos. Acham sempre que a critica é fugaz e injusta. Tudo o que fazem é para o nosso bem, nós é que somos uns mal-agradecidos e não compreendemos o alcance da bondade do moço. Pelo menos na Igreja ensinavam-me o valor da tolerância (embora por vezes deturpado), não era apanágio dizer mal de todos os demais credos para justificar os males do mundo. Não justificavam  os erros com as outras Religiões. Esse tempo na Igreja, felizmente, pertence ao passado da, pesada, herança que trazemos desde a inquisição e das cruzadas. Difícil é admitir que há algo de errado, mas isso é comum a todos os dogmas.

Daí eu preferir tudo o que é dogmático. É assim, discute-se, mas pouco, ou nada. Melhor, medita-se mas a meditação tem orientação para o dogma. É um meio para atingir uma resposta que, para quem defende o dogma, é obvia. Estes defensores das verdades ditas de esquerda, que se acham mais tolerantes que outros, que apelam ao combate contra os papões do absolutismo (de direita, ou de esquerda, como quando se trata de combater o comunismo), quando se vêm no poder, ganham os tiques que criticam nos outros. Prefiro os que não escondem em vez dos que apregoam mas, quando nos lugares de decisão, fazem o contrário. Acho que não se deve premiar a mentira.

Quanto à Quaresma, acho útil e bastante mais assertiva do que a mensagem dos nossos governantes, a mensagem do Bispo do Porto, D.Manuel Clemente, divulgada no Youtube e que aqui vos deixo para avaliarem.

É por estas e por outras que ainda penso a Igreja Católica como a mais democrática do mundo. As portas não se fecham a ninguém, tudo se pode discutir e não se pergunta a religião de quem se vai ajudar. Esta mensagem pareceu-me mais importante de divulgar e avaliar do que aquelas que saem do Congresso do tal Partido. Está aqui um dos bons exemplos que há naquele credo. Este é um dos legados de Cristo na Terra – solidariedade para com os que precisam. Foi isto também que eu aprendi com os meus pais. Lá em casa o jejum sempre fez sentido. O jejum era sempre o de abdicar de algo que gostássemos muito, em favor de alguém que precisasse mais do que nós. Não faz sentido jejuar apenas carne, apenas pelo mecanismo de não comer isto, mas comer antes aquilo. Torna-se numa simples troca de caprichos. Faz mais sentido a forma a que apela o Bispo do Porto. Jejuemos a favor de quem mais precisa.

1 comentário:

  1. ...Ao escreveres assim rapaz,até me arrepias!!! Só de pensar como um moço, dito moderno e evoluído "open mind" consegue aceitar dogmas que só demonstram atraso e intolerância.
    Relembro as últimas tristes atitudes tomadas por alguém de importante relevo na igreja, tais como;
    ex1: a proibição de determinada edição de um livro, só por apresentar na capa o sexo de uma mulher......... "onde já se viu isto?"
    ex2: os comentários s/ o casamento entre mulçumanos e católicas, de sua eminência o Cardeal D. Policarpo
    ex3: Os comentários s/ a homosexualidade ,feito por um determinado bispo (penso que de braga),etc
    Isto é respeito pelos outros?Liberdade de expressão? enfim tanto havia por dizer......
    aconselho-te a veres " A dúvida" , vale a pena reflectir s/ estes assuntos.
    Um bem haja para ti.........até um dia!

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