sexta-feira, março 05, 2010

Sinais dos tempos

Tenho reflectido sobre os acontecimentos dos últimos dias, mesmo semanas.

Reflectir é uma capacidade que nos atrapalha as ideias, muitas vezes faz-nos pensar no melhor para alguém que não nós próprios, o que, diga-se, não é muito inteligente.

O mundo anda numa agitação constante há milhares de anos, mas agora que somos muitos, as consequências dos abanões são sempre mais devastadoras. Mesmo no plano pessoal, e com a evolução constante da humanidade e dos meios ao dispor das sociedades desenvolvidas, as decepções e conquistas são mais suadas e difíceis.

O homem, numa ânsia de comodidade, tudo atropela. Natureza, tempo, outros seres humanos, sentimentos, vontades, tendências, enfim, todo um conjunto de imperativos que passaram para segundo plano, quando comparados com o nosso bem estar.

A comodidade leva-nos a olvidar os princípios básicos de uma sociedade.

O respeito faz parte da minha concepção de sociedade. Não me vejo a viver com a indiferença com que se apreciam casos de bullying, sejam eles numa escola ou na sociedade em geral.

Todos nós tivemos arrufos com colegas de escola, ou noutra qualquer circunstância, sendo que quem tinha a obrigação de nos orientar, fosse professor, superior, familiar ou alguém mais velho, normalmente se impunha sobre os nossos ímpetos, fazendo com que o bom senso de alguém mais maduro imperasse.

A anormal sensação de falta de respeito generalizada, pelos professores, autoridades de polícia ou justiça e mesmo pela família, demonstra que o sonho de muitos, que pensaram uma sociedade livre e justa, esbarrou no medo da autoridade.

O respeito pelos outros não deve ser abolido desta sociedade, mesmo correndo o risco de excesso de autoridade, ou corremos o risco de a convivência ser insuportável.

Como será possível que um miúdo de 14 anos, detido depois da 1ª violação e depois de 3 tentativas, dependa da bondade da mãe para que as autoridades pensem em o colocar em internamento compulsivo, de onde, muito provavelmente, vai fugir?

Como é possível que um miúdo de 12 anos chegue à conclusão que a única saída para os abusos que sofre é o suicídio?

Que sociedade será esta em que o estado não pode penalizar, em nome de um colectivo, alguém que não respeita os valores comuns?

Já ninguém respeita ninguém.

E continuamos a assobiar para o lado.

Sinais dos tempos…

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