segunda-feira, fevereiro 11, 2013

A varrer o Monte de Sta Luzia

Por motivos profissionais, calculara impossível participar na prova organizada pela Viana Cycles, o Trail de Santa Luzia, idealizada e dirigida pelo incansável Leandro Freitas, habitué dos trilhos nacionais, e que se lançou numa empreitada digna de aplauso. Com a constatação que afinal podia ir à prova, e curioso em conhecer os famosos trilhos da Serra de Sta Luzia, tentei inscrever-me à última da hora. Com as inscrições há muito esgotadas, (antevendo-se assim um sucesso), experimentei outro “expediente”. Como não sou apologista de correr com dorsais alheios, falei com o André Palhares, colega dos Porto Runners, que ia fazer o sempre nobre trabalho de atleta vassoura, e pedi-lhe para o acompanhar. O vassoura nas provas de trail tem como missão “fechar” os trilhos, certificando-se que ninguém fica atrás de si. Informa os voluntários nos postos de abastecimento e controlo e está em permanente contacto com a organização e equipas de socorro, caso surja alguma eventualidade com algum atleta. Mas a missão mais importante é de incentivar os que andam na cauda do pelotão. Desanimar é meio caminho para a desistência, sendo que a desistência, salvo por motivos de força maior, é a última das opções de um trail-runner. No trail, o último é o maior dos resistentes.

sta_Luzia
Nuno Silva, vencedor da prova. (Foto de Miro Cerqueira)

A prova, com prometidos 33 km, desenrolou-se por belíssimas paisagens da Serra de Santa Luzia. Com partida e chegada no Estádio da “Princesa do Lima”, epíteto pelo qual é conhecida a bonita e atraente Viana do Castelo, serpenteou o Monte até ao Parque Eólico, por passagens constantes por cursos de água que embelezavam e animavam o percurso. Ali chegados ao ponto mais alto, brindados com um forte nevoeiro e chuva intensa, deu para apreciar os imensos cavalos selvagens, estáticos resistindo à intempérie. Mais pedra e trilhos técnicos levavam-nos planalto fora onde a lama e água serviam de tapete difícil, com progressão acidentada. É o chamado percurso “salta-pocinhas”, a fim de evitar o atolar que nos leve a perder alguma sapatilha.
Mais chuva e vento, alguma bonança, um número infindável de bois com chifres afiados e ar de pouco ou nenhum interesse naqueles estranhos humanos que lhes invadiam por pouco que fosse o habitat onde calmamente pastavam, e finalmente um pouco de descida. Ali os trilhos verdes e quase sempre com cursos de água à mistura, divertiam-nos ainda mais. Chegados perto de S. Mamede da Areosa, um pequeno trilho a subir (Trilho do Mel) e uma intempérie que se abate sobre as nossas cabeças. À nossa espera no abastecimento, um chá quente e nova investida ao trilho. Mais uns quilómetros por belíssimos percursos por entre verde, muito verde e quedas de água, um belo serpenteado minhoto  que nos levou até aos famosos “Canos de água da Areosa”, que antigamente abasteciam de água, desde o alto da Serra a cidade. Percurso belo e entretido, onde o equilíbrio se impunha, até a uma última subida que nos levaria à medieval Citânia de Santa Luzia. Dali até à meta trilhos entre a terra e a calçada românica com uma última incursão num ribeiro para lavar as sapatilhas. Resumindo, um belíssimo percurso, nem sempre bem marcado, mas suficientemente divertido e técnico para quem se quiser aventurar em distâncias mais generosas de trail.

Uma excelente forma de divulgar Viana do Castelo. Como me dizia um atleta local, toda a gente conhece o Santuário de Santa Luzia e as bolas do Natário. Há realmente muito mais para descobrir em Viana. Pena foi que as condições meteorológicas nos tivessem impedido de desfrutar das vistas formidáveis do alto da Serra, embora, aqui e ali, em zonas mais baixas, fosse possível ver perfeitamente os imensos areais do Cabedelo e Praia Norte com o beijar constante das gélidas e agitadas águas atlânticas.

Foi uma forma divertida de passar 6 horas de um Domingo. Obrigado ao André e à divertida Susana.

Parabéns ao Leandro Freitas e à Viana Cycles. Parabéns a todos os que se aventuraram, desde o vencedor Nuno Silva, até aos que se estrearam em quilometragem superior ao que já haviam experimentado. Sei bem o júbilo que nos vai na alma sempre que damos mais um passo, e por muito que haja quem desvalorize, nós no trail, desde o mais rápido ao mais lento, estamos aqui para felicitar todos os que se atrevem e são capazes.

E tu, atreves-te?

canos2

Os famosos canos da Aerosa. Bom trilho, onde o equilíbrio é fundamental.

 

4 comentários:

  1. Excelente e magnifico texto que só nós dá vontade de inscrever já na edição do ano que vem.
    Se não fosse tão longe ( e eu estou desempregado), se não fosse o esqueleto já não dar para grandes aventuras claro que me atrevia!
    Se tivesse feito a prova provavelmente que correria junto de si pois o meu lugar é na liga dos últimos logo junto do atleta vassoura.
    Gostei muito, mesmo, da sua atitude de não gostar de correr com dorsais alheios. Ando nisto desde há mais de 30 anos e nunca o fiz!
    Um abraço.

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  2. Muito tri, um baita evento, sem sombra de dúvida. Meu carinho.

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  3. OBRIGADO a todos os que fizeram com que este TRAIL STA LUZIA fosse um SUCESSO, aos participantes, acima de tudo, que animaram esta serra pelos trilhos por mim escolhidos. Um BEM HAJA a todos e pro ano ca estaremos de novo, e espero que em maior numero, ira ser, e levanto ja o veu, um percurso diferente deste, podendo passar na mesma por alguns trilhos deste, vou intensificar a prospeção no terreno pra proporcionar aventuras diferentes aos aventureiros amigos da natureza e do TRAIL , como eu. ABRAÇO

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  4. Grande Texto mais uma vez Rui. Parabéns por isso e pela prova tb.
    Aquele abraço

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